quarta-feira, 24 de novembro de 2010

PASTORES ATEUS

Eles não acreditam mais em Deus mas continuam liderando suas igrejas
     “Eu sou ateu”, diz  ’Jack’, um pastor afiliado à Convenção Batista do Sul, com mais de 20 anos de  ministério. ”Vivo minha vida como se Deus não existe”, diz ‘Adam’, que faz parte da equipe pastoral de uma pequena igreja em um dos estados mais religiosos dos EUA. Os dois, que pediram para terem suas identidades protegidas, são pastores que perderam a fé. Ambos construíram suas vidas e carreiras ao redor da fé, mas agora dizem sentir-se encurralados, vivendo uma mentira.
     “Passei a maior parte da minha vida acreditando e buscando essa fé religiosa chamada cristianismo. Ao chegar a este ponto de minha vida, simplesmente não sinto mais que posso crer nele. Quanto mais eu lia a Bíblia, mais perguntas eu tinha. Quanto mais as coisas que ela afirma não faziam sentido para mim, mais dificuldade eu tinha.”, afirma Jack.
     O pastor Jack disse que há dez anos começou a sentir sua fé se esvair. Ficou incomodado com as inconsistências no relato dos últimos dias da vida de Jesus, a improbabilidade de histórias como a “Arca de Noé” e as ideias expressas na Bíblia sobre as mulheres e seu lugar no mundo.
     “Ler a Bíblia foi o que me levou a não crer mais em Deus”, conclui. Ele diz ainda que era difícil continuar trabalhando no ministério. “Comecei a olhar para isso como apenas uma atividade profissional e faço o que tem de ser feito”, disse. “Venho fazendo  isso há anos.”
     Adam disse que suas dúvidas iniciais sobre Deus vieram ao ler o trabalho dos chamados neoateístas – autores populares como o cientista Richard Dawkins. Ele disse que seu objetivo era fazer uma pesquisa para ajudá-lo a defender sua fé.
     “Pensava que Deus fosse grande o suficiente para lidar com todas as perguntas que eu pudesse ter”, afirma. Mas não foi isso que aconteceu.  ”Percebi que tudo que me ensinaram a acreditar era uma espécie de abrigo seguro. Eu nunca realmente me interessei pelo ensino secular ou por outras filosofias… Eu pensava, ‘Ó, meu Deus. Estou crendo nas coisas erradas? Será que passei toda minha vida e ministério pregando algo que não é verdade?’”, relata Adam.
     Ele disse que temia pela salvação de sua alma. “No momento que sentia estar perdendo a fé, mas ainda temia por minha salvação, pedi a Deus que tirasse minha vida antes que eu perdesse totalmente a fé”, lembra Adam. O pastor agora se considera um ‘agnóstico ateísta’. “Não acho que podemos provar que Deus existe nem que ele não existe”, disse. “Vivo a minha vida como se Deus não existisse.”
     Ele e Jack dizem que quando pregam aos fiéis, tentam ater-se às porções da Bíblia que ainda acreditam – as que ensinam como ser uma pessoa boa. Ambos disseram que gostariam de abandonar seu ministério, mas não têm condições.
     “Quero sair da situação que estou o mais rápido possível, porque tento ser uma pessoa de integridade e caráter”, disse Adam. “Com a economia do jeito que está, minha falta de capacitação para o mercado e apenas com o diploma do seminário, fico em uma posição difícil.”
     Revelar o ateísmo secreto ‘será devastador’
     Jack disse que seu segredo o faz sentir isolado e que certamente perderia um monte de amigos se admitisse que deixou de ser cristão. Sua esposa não sabe e ele acredita que possivelmente iria perdê-la também. ”Será algo muito confuso para ela”, disse Jack. “Será muito devastador e vai levar algum tempo para trabalharmos essa questão.”
     Adam disse que sua esposa sabia de sua crise de fé, mas não que ele a perdera completamente. “É uma situação muito difícil. Não consigo pensar em outra carreira que seja tão drasticamente afetada por uma mudança de opiniões ou ideias”, disse ele.
     “No começo, tive medo que, se perdesse minha fé, me tornaria uma pessoa horrível“, disse Adam. “Desde que perdi a fé percebi que ela realmente não tinha influência sobre quem eu sou, meu caráter e minhas ações. Não vivo de maneira diferente do que vivia quando era um crente fervoroso.”

Data: 22/11/2010
Fonte: 
http://www.creio.com.br/2008/noticias01.asp?noticia=11321


Quando os ateus acreditam

A percepção de mundo do cristianismo faz mais sentido do que a de outras cosmovisões.
Por Charles Colson
Em anos recentes, um dos principais produtos exportados pelo Reino Unido ao mundo tem sido uma carga de livros por autores ateus, tais como o biólogo evolucionista Richard Dawkins e o crítico literário Christopher Hitchins. Eles afirmam, basicamente, que a fé é irracional quando colocada de frente com a ciência moderna. Seus trabalhos têm incentivado uma onda de ateísmo militante na Europa ocidental e fomentado a descrença em Deus em vários cantos do planeta. Ninguém sabe ainda aonde este movimento vai dar, e mesmo se vai chegar a algum lugar além das estantes das livrarias, do sucesso editorial – Deus, um delírio, de Dawkins, virou bestseller – e das discussões acadêmicas. Isso porque, lá mesmo na Grã Bretanha, outros autores ateus parecem estar repensando o que falaram. 
Será que há um outro avivamento varrendo a Inglaterra? Não; eles apenas estão examinando a racionalidade do cristianismo e as mesmas crenças que Dawkins e outros estão explorando de maneira bem vantajosa, mas chegam a conclusões bem opostas. Antony Flew, um erudito de fama bem estabelecida, foi o primeiro a dizer que tinha de ir “aonde as evidências o levavam.” Logo, chegou à conclusão de que dentro da teoria evolucionária não existe uma explicação lógica para a origem da vida. Embora ainda não acredite no Deus bíblico, Flew já concluiu que o ateísmo não é logicamente sustentável. De igual modo, Matthew Parris, outro ateu britânico notório, cometeu o erro de ir visitar obreiros evangélicos que atuam com ajuda humanitária em Malauí, na África. Lá, viu o poder do Evangelho transformando a vida de pessoas de maneira inquestionável. Preocupado com o que, disse: “Isso confunde minha crença ideológica, também teima em não se encaixar na minha visão do mundo e também envergonha minha suposição de que não existe um Deus.”
Ainda que Parris não queira seguir adiante com as observações que fez, ele está obviamente lutando com a percepção de mundo do cristianismo faz mais sentido do que a de outras cosmovisões. A verdade é que fé e razão não são inimigas. Se isso puder ser explicado de maneira consistente, pode influenciar as chamadas pessoas pensantes a considerarem as reivindicações de Cristo. Um forte argumento empírico pode ser feito para mostrar que o cristianismo é a única explicação racional da vida. As perguntas básicas que as pessoas fazem acerca da própria existência – de onde viemos, qual o propósito de nossa existência e para onde vamos – encontram resposta no cristianismo. Além disso, a fé cristã ensina que os seres humanos são criados à imagem de Deus, e assim sua dignidade é protegida. Não é apenas uma mera coincidência o fato de que são os cristãos que têm travado a maioria das campanhas sobre direitos humanos. 
Vejamos a questão do pecado. Se as pessoas são boas, ou como argumentou o filósofo político Rousseau, os problemas podem ser resolvidos ao se criar um Estado utópico. Mas todos os esquemas utópicos da história acabaram em tirania. Enquanto isso, as religiões orientais enxergam a vida como um ciclo infindável de sofrimento. Não existe nenhuma maneira pelo qual os pecados possam ser perdoados – sendo que no Islã o conceito do perdão é simplesmente desconhecido.
Obviamente, nada disso é novidade. Acontece que, ontem como hoje, uma longa lista de ateus notórios, concentrados na sua grande maioria na Inglaterra, tem voltado para os caminhos da fé. Esses incrédulos começaram a analisar a racionalidade dos postulados do cristianismo e convenceram-se de que a Bíblia fala mais acertadamente sobre a condição humana – a própria definição de uma escolha racional. Quer tenha sido na Era Vitoriana, com Thomas Cooper, George Sexton e Joseph Barker, ou no século 20, com T.S. Eliot, Graham Greene e C.S. Lewis, todos concluíram que é perfeitamente racional escolher uma visão do mundo que nos oferece a melhor escolha para viver e que seja coerente com a maneira pela qual a vida realmente funciona.
O que isso nos diz? As pessoas hoje possuem uma visão caricaturada dos cristãos, vendo-os muitas vezes como seguidores, às vezes hipócritas e críticos, de um livro desatualizado, um compêndio antigo de meras ilusões. Mas se os cristãos puderem explicar porque sua fé é tão razoável, o cristianismo se tornará uma proposta atraente que abrirá a mente – e possivelmente o coração – daqueles muitos que duvidam. Embora não possamos chegar a Deus através da razão, pode-se dizer que o cristianismo é a explicação mais racional da realidade em que vivemos.

fonte:http://cristianismohoje.com.br/interna.php?subcanal=48&id_conteudo=114